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Em Camaquã, no entorno da cidade e por todo o Rio Grande do Sul, a presença do macaco Bugio é algo comum. Esses animais, de hábitos tranquilos, frequentemente aparecem nos noticiários locais ao serem vistos caminhando pelos bairros ou em áreas de mata próxima à zona urbana.
A Patrulha Ambiental de Camaquã acompanha de perto algumas famílias de bugios que vivem dentro dos limites da cidade. Esses grupos são mapeados e monitorados com o objetivo de preservar a espécie e garantir a segurança da população.
Apesar disso, ainda há muito preconceito em relação a esses primatas. Por falta de informação, muitos acreditam que o bugio representa um risco à saúde.
No entanto, a verdade é bem diferente: ele é, na realidade, um sentinela natural na luta contra a febre amarela. Vamos entender melhor esse papel essencial do bugio?
O bugio, também conhecido como bugio-ruivo, é um primata (macaco) da família Atelidae, muito comum na região sul do Brasil.
Ele se destaca por seu tamanho, pelagem avermelhada e, principalmente, pelo som característico que emite ao amanhecer — um rugido grave que pode ser ouvido a quilômetros de distância.
Esses animais vivem em grupos e se alimentam de folhas, frutos e flores. Costumam habitar matas nativas e áreas verdes, inclusive dentro das cidades, quando há árvores suficientes.
Além disso, o bugio possui um comportamento pacífico e evita contato com seres humanos. Por isso, não representa ameaça quando avistado.
Apesar de o termo “macaco” ser amplamente utilizado, ele é genérico. Na prática, o bugio é um tipo de macaco, assim como o mico, o sagui e o macaco-prego.
A principal diferença está nas características físicas e nos hábitos de cada espécie.
O bugio, por exemplo, é maior, tem o corpo mais robusto e emite vocalizações potentes. Já os micos e saguis são menores, mais ágeis e vivem em grupos menores.
Não. Essa é uma das maiores confusões envolvendo o bugio. Ele não transmite febre amarela. Na verdade, o bugio é uma das primeiras vítimas da doença quando ela surge em determinada área.
Ou seja, ao encontrar bugios mortos ou doentes, os profissionais da saúde conseguem agir rapidamente, identificando a possível presença do vírus da febre amarela na região.
Recentemente, um bugio foi encontrado morto em Chuvisca, o que levou as autoridades a emitir um alerta sobre a presença da febre amarela na região.
Assim como neste caso, a morte de um bugio funciona como uma espécie de alarme biológico, alertando sobre a circulação do vírus na natureza.
Assista o vídeo abaixo e entenda melhor:
Além dos bugios, outros primatas também são vítimas da febre amarela. Micos, macacos-prego e outros tipos de macacos sofrem com a doença e não têm responsabilidade alguma na transmissão para os humanos.
Infelizmente, muitas dessas espécies são perseguidas e até mortas injustamente, principalmente em áreas urbanas.
Esse comportamento, além de cruel, prejudica o controle da febre amarela, pois impede a detecção precoce do vírus.
Proteger os primatas é, portanto, uma forma inteligente de proteger também a saúde pública.
Quem realmente transmite a febre amarela é o mosquito do gênero Haemagogus, encontrado em áreas de mata.
Em áreas urbanas, o Aedes aegypti também pode transmitir a doença, embora essa forma de contágio esteja controlada no Brasil atualmente.
Esses mosquitos se contaminam ao picar um animal infectado (geralmente um macaco). Depois, ao picarem uma pessoa, podem transmitir o vírus.
Portanto, combater o mosquito é a única forma eficaz de impedir a transmissão da febre amarela.
Os bugios são muito mais do que moradores ilustres das matas e bairros de Camaquã. Eles são aliados valiosos na proteção da saúde da população.
Ao identificar a circulação do vírus da febre amarela, esses primatas ajudam no monitoramento precoce da doença.
Em vez de temê-los ou persegui-los, devemos proteger os bugios e respeitar seu papel no ecossistema.
Eles não são vilões, mas sim sentinelas silenciosos — verdadeiros “anjos-da-guarda” da natureza.
Fonte: Elias Bielaski,Clic Camaquã